Sinto-me longe. Sinto-me tão perto do Infinito. Sinto tanto que deixo de sentir a dor assoladora, vil e pérfida devassa, que me arruina a alma débil e decrépita escondida algures no canto de um sonho breve que passa por mim em êxtase efémero e brunal, um demente devaneio que se afigura no tumulto oco da minha mente. Suspiro e lembro o esquecimento da noite voluptuosa e ilusória, do rubor falso da prata que derrama tão nobre astro, tão cruel ser.
Filipe Pimentel