segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Pecado Soberano


Um sopro de ar frio passou-me pelo pescoço. A noite anunciou-se plena, soberana, enegreceu-me o coração. A chama que rugia silenciou-se, a sua luz extinguiu-se, levaste-a de mim, fugiste com o calor que me envolvia a alma, e agora choro qual ser cobarde sem propósito algum. Refugio-me no abrigo que me havias construído, amor, mas contigo desapareceu o telhado que me protegia. E agora chove... Correm pelo meu rosto massacrado, cortado de tanta dor reprimida, lágrimas dos anjos, lágrimas minhas... Um pranto que magoa, que me apunhala e nao acaba jamais... Volta! Volta... Vagueio, sem rumo, por entre as memórias que guardo com a vida, com o meu último suspiro, o derradeiro espasmo de vida que fugirá de mim...um dia... Sou folha que voa no vento, a vontade do rugido das ondas, o murmurar da espuma do mar, o sorriso acutilante dos penhascos, lá em baixo, e depois o abismo, chamam-me. Melodia entorpecedora...conforto de um espírito vazio, insubstância vaga, minha fatídica maldição, minha pena constante.

                                                                                                                          Filipe Pimentel

sexta-feira, 30 de julho de 2010

(Sem Título)

A negra névoa sufoca-me, cega-me a alma num beijo de doce acidez que me corrói a pele, a carne, os ossos, cinzas que voam no ar frio que se agita. Sentado a um canto, fogem do meu peito murmúrios chorosos, convulsões lacrimosas que me escorrem pelo rosto escondido entre as mãos, que tremem cobardemente pela tua ausência. Abraço os joelhos contra o peito, lembrando o teu toque que me incendiava o coração numa voluptuosa maré de aromas que me faziam flutuar. Partiste... Sem fôlego, corri para te agarrar, uma última vez, mas tropecei, caí sobre os sonhos que erradamente deixei para trás para te ter só para mim, entregar-me nos braços de um anjo. Sôfrega chama que se extingue, a luz que dos meus olhos se desvanece perdendo-se na irrisória dor que me magoa e consome, quando recordo o teu rosto, o teu corpo, memórias traiçoeiras, melodias ilusórias das ninfas do mar, que me levam à perdição...ao fim de um ser exausto de caminhar na noite, perdido na angústia que me envolve, que me embala numa canção de fria doçura.


                                                                                               Filipe Pimentel
                                                     

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Acorrentado...

Os teus olhos são as nascentes

De rios que te conhecem
As mágoas que inquietam
E esquartejam a tua alma,
Tremente e sem fôlego,
Um sussurro no vento
Frio que me acaricia a pele,
Cicatrizada e húmida
Da ausência dos teus beijos
Que fizeram de novo o meu sangue
Correr no meu peito empedrenido.

Os teus sôfregos lábios,
O mar onde morrem
Os meus sonhos em agonia
Contra os penhascos de um amor,
Inútil e condenado aos grilhos
Do negrume pérfido
Que não dorme nem vacila,
Que me entorpece e petrifica,
Um vórtice de ilusão quimérica,
A lágrima que de mim escapa
Numa lembrança que magoa.
                                                                           Filipe Pimentel

I Want You

I saw you in the mist,
A strange form emerging
From the darkness of my days.
A beacon of light among the shadows
That blinded my heart for so long.
Too long, perhaps...
You flutered towards me,
Like the light, sweet breeze
That passes,
Silent and beautiful.
The softness of your touch,
A caress from a butterfly's wings,
The mystery within your voice,
Echos of lost loves
And dreams of Infinity,
The divinity of your lusty lips,
Eager of passion and wildness.
I want you...
I want you for myself...
I want you, my angel.
                                                                     Nicholas J. Shatters
                                                                     ( aka Filipe Pimentel)

Deleite


O gosto aveludado dos teus beijos,
Pétalas de rosa na madrugada,
Ferem o meu corpo fraco, e o teu toque,
Distante, dilacera a alma apaixonada.

Os teus olhos, esferas fogosas
Que me incendeiam o coração,
A tua voz pura e os teus lábios
Tecem no ar frio uma canção.

Deito ao mar as minhas lágrimas,
Dou à terra húmida o meu sangue,
Grito ao vento teu vil nome,
Deito ao fogo meu rosto exangue.

                                                                        Filipe Pimentel