terça-feira, 21 de junho de 2011

Uma Memória, Apenas...

  A noite cai, lenta e plácida, uma folha que se deixa morrer no ramo retorcido de uma qualquer árvore anoréctica que definha sob o sol quente que se põe no limite do mundo… No céu negro espreita o olhar de prata fundida do astro-imperatriz da sombra serena que se arrasta pelo meu corpo desprotegido. A brisa gelada e severa arrasta-se pela minha pele despida, mas só penso em ti… O gélido vento que me rasga os pulmões, destrói-me a alma e mumifica-me o coração, um estado de letargia eterna que teima em me deixar… Mas só penso em ti… Na bruma que se adensa dentro de mim, sinto o teu toque, o beijo apaixonado de uma labareda devassa e selvagem que ruge no ar nocturno, e então, vejo-te…. Sinto os teus lábios nos meus, um êxtase de paixão que me incendeia!... Sinto o teu corpo no meu, o sopro de uma chama brava no meu pescoço… Desvanece a noite e o sol rompe a escuridão, e eu só penso em ti…
                                                                                                           Filipe Pimentel

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

(Sem Título)

 O negrume lento e melancólico arrasta-se por um céu que teima em se apagar, em deixar partir a luz suave de safira que me lança em torno dos pulsos os grilhos incandescentes que me queimam a pele e me carbonizam os ossos. Os seres perdem os contornos e os corpos já não têm sombras, são as sombras que têm os corpos, é a materialização do incorpóreo, é o crepúsculo das almas puras e sofredoras, é o renascer flamejante das almas apaixonadas, pecadoras.
                                                            
                                            Filipe Pimentel